quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Beatles: do it yourself

Liverpool produziu muitos artistas antes e depois da década de 60. John, Paul, George e Ringo, no entanto, incluíram definitivamente a cidade não só no mapa como também no imaginário dos jovens e adultos de toda uma geração. Por isso, entrem no clima "Swinging Sixties", a década que balançou a ideologia e o comportamento em cada canto do planeta. Os Beatles são fruto desta época de mudanças. Conhecer a trajetória do grupo é também conhecer um pouco este passado. Fazer isto com seu filho como testemunha vai ser ainda mais rico, pode ter certeza.

Dois dias são suficientes para conhecer as principais atrações de Liverpool. Comece com o agradável passeio por Albert Dock. Depois de uma década de abandono, os cinco armazéns do porto foram totalmente revitalizados após uma grande reforma nos anos 80. Os edifícios tombados abrigam novíssimos museus, galerias, lojas, restaurantes e escritórios. Um lugar gostoso para caminhadas (atenção aos ventos fortes e constantes) e refeições em ambientes familiares ou até mais descolados. Aproveite para visitar a Tate Liverpool, primeira "filial" da Tate Britain e hoje um dos melhores acervos de arte contemporanea fora de Londres. www.tate.org.uk/liverpool.

A "Walker Art Gallery", a algumas quadras de Albert Dock, possui um dos mais belos acervos de arte do norte da Inglaterra, com obras que vão desde o século 13 até os dias de hoje. Pinturas significativas de impressionistas, além de importantes trabalhos britânicos do século 18, se destacam na galeria fundada em 1873 por um fabricante de cerveja local, ex-prefeito de Liverpool. http://www.thewalker.org.uk/.

Diversão para toda a família e visita recomendadíssima: "Beatles Story", em Albert Dock. Peguem os fones oferecidos na entrada para embarcar na viagem com narração, diga-se de passagem, de Julia Lennon , meia-irmã de John. Mostre a seu filho os detalhes tão pequenos e marcantes, tanto na vida quanto na obra de cada um dos integrantes da banda que mudou para sempre o cenário da música pop mundial. Caminhem juntos pelas salas, observem as fotos do primeiro encontro entre Lennon e McCartney... Conheçam (ou relembrem) a história do homem que "demitiu" os Beatles... Cheguem bem de pertinho de objetos inesquecíveis como os óculos redondos estilo "paz e amor" que pertenceram a John ou os bem-comportados terninhos que arrancavam gritos histéricos das garotas a cada aparição. Voltem no tempo com a recriação perfeita do Cavern Club.

Imaginem-se dentro do famoso bar, em plena década de 60, no calor de uma apresentação com o até então "desconhecido" quarteto. Curtam juntos as baladas e os registros da ascensão metórica da banda, desde o primeiro disco "Love Me Do" até o último show dos Fab 4, em 1969, e, finalmente, da separação do grupo. Aproveitem para dançar, cantar e se deixem levar pelas lembranças. Seu filho vai adorar "pagar esse mico" com você. São momentos assim em viagens que ficam para sempre. Antes da saída, uma área interativa com jogos e brincadeiras vai capturar de vez o coração do seu pequeno fã. A lojinha da saída completa o tour com várias recordações bacanas, mas cuidado, pois, na empolgação do momento, vocês podem acabar gastando além do que gostariam. http://www.beatlesstory.com/.

Os lugares associados à infância e à juventude do quarteto são até hoje cultuados na cidade. Vários passeios e excursões a pé percorrem trechos, muitas vezes citados em canções, além de ruas, casas ou prédios por onde passaram ou viveram John, Paulo, Ringo e George. Informem-se no hotel para agendar, de preferência um dia antes, um destes tours. Nós escolhemos o "Beatles Fab Four Taxi Tour" e, na manhã seguinte (impreterivelmente) no horário combinado, Ricky nos esperava a bordo do táxi "Michelle". Uma singela homenagem a música favorita do motorista que iria nos conduzir rumo a experiência nostálgica e emocionante.

Enquanto dirigia rumo a maternidade onde nasceu John Lennon, o bem informadíssimo Ricky, nos falava da vida dos garotos de Liverpool que viraram lenda. Fazíamos algum esforço para decifrar o sotaque "scouse" e traduzir o essencial para o João, que, a esta altura, envolvido com tantas novidades, nem piscava. Percebendo o interesse da platéia, Ricky ia se empolgando e narrando detalhes, fofocas, pequenos segredos e mistérios que cercavam a intimidade de cada Beatle.

Paramos em frente a casa onde John passou a lua-de-mel com a primeira mulher, Cynthia. Segundo Ricky, o casamento inicialmente foi mantido em segredo para não atrapalhar a relação de um dos galãs do grupo com as fãs. Os pombinhos teriam passado vários dias trancados dentro de casa, para não dar "bandeira". Tempo suficiente para John compor um grande sucesso da banda, com o sugestivo título: "Do You Want to Know a Secret?". Verdade ou não, estas historinhas acabaram transformando nosso passeio em uma espécie de documentário, estilo "esta é sua vida", cheio de depoimentos e imagens.

O passeio continua agora em frente a faculdade de artes onde Paul e John estudaram. A instalação próxima à entrada, lotadas de malas e bagagens, rende fotos divertidas com as crianças. Em seguida, passamos pelos bairros pobres em que George e Ringo cresceram. Incrível entrar na casa para onde Ringo se mudou aos oito anos de idade, que hoje pertence a uma simpática velhinha. Dentro da pequena sala de estar, com fotos do ídolos, porém sem nenhum luxo, paramos para tentar visualizar a infância difícil daquele menino de saúde frágil... Quem poderia imaginar o que o futuro reservava?

É importante tentar traduzir para seu filho parte das histórias e informações, senão ele pode ficar um pouco entediado e não entender muito bem a graça de parar em casas aparentemente comuns.

O ponto alto do trajeto, ao menos para a gente, talvez seja a chegada a um bairro de classe média fora do centro. Perto da casa onde John viveu nos primeiros anos, uma rua se destaca: Penny Lane. Neste momento do tour, Ricky aumenta o volume do CD para que os passageiros atravessem o percurso ao som de uma das belas canções do quarteto, uma das nossas preferidas, aliás. A letra, meio melancólica, descreve lembranças da infância na rua que os garotos frequentavam. Tanto tempo depois, pouco mudou. Difícil, mesmo para quem não é muito fã, segurar as lágrimas.

Em seguida, visitamos a escola onde John e Paul tocaram juntos pela primeira vez, em cima de um caminhão. Atravessando a rua, a igreja e o cemitério onde em uma das lápides lemos o nome de Eleanor Rigby. Mas quem afinal foi esta mulher? Os Beatles realmente a conheceram? Nosso motorista perguntou a Paul McCartney, na única oportunidade em que estiveram juntos. Segundo Ricky, a resposta foi enigmática e a mística em torno da personagem persiste. E provavelmente nunca vai deixar de existir. Até hoje o João quando ouve a música insiste na pergunta.

A chegada ao portão vermelho com a placa envelhecida onde se lê "Strawberry Fields" é igualmente emocionante. No terreno com mato crescido, quase não há mais vestígios do orfanato que ali funcionava. Reza a lenda que o adolescente John gostava de frequentar o lugar. Ninguém sabe ao certo por quê. Se a casa já não existe mais, na memória musical permanecerá o registro: Strawberry Fields Forever.

O passeio normalmente deveria durar duas horas, mas levou quase o dobro do tempo. Nosso guia não parecia se incomodar nem um pouco com as "horas extras" de trabalho. Voltamos para o hotel felizes, mas o refrão da música não saia do pensamento. "Penny Lane, is in my ears and in my eyes". Cada imagem e sentimento. Como se fosse ontem. http://www.fabfourtaxitours.com/.

Depois da passagem por Liverpool, os Beatles viraram os grandes ídolos do João. Temas de festa de aniversário e das brincadeiras com os amigos.

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