quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Londres - Parte 2

- Passeio cultural bacana e imperdível para toda a família na margem sul do Tamisa, com toda certeza, é a Tate Modern. A antiga usina elétrica de Bankside foi totalmente reformada em 2006 para abrigar o museu dinâmico, vivo, e um dos acervos de arte moderna mais importantes do mundo. A entrada oeste conduz o visitante ao Turbine Hall, espaço onde a cada ano um artista é selecionado para criar uma instalação diferente. A francesa Louise Bourgeois, expos três torres gigantes ao lado de uma imensa aranha. A colombiana Doris Salcedo expressou o olhar do imigrante que chega ao coração da Europa: uma rachadura de 167 metros de distância cortando o chão do Hall para retratar, segundo a própria artista, a segregação racial. Difícil para as crianças entenderem? Talvez. Mas impossível não despertar interesse.

- Uma grande escada rolante conduz os visitantes aos três andares onde estão as galerias, organizadas por tema e não por ordem cronológica, como na maioria dos museus de arte. Áreas interativas espalhadas em alguns andares divertem a criançada. No terceiro andar, destaque para as pinturas de Cezanne e as Water Lillies, de Monet. Igualmente instigantes, obras de artistas que tentaram definir o corpo, como Lucien Freud e Pablo Picasso, no quinto andar. Se o prazo de validade do filhote está prestes a vencer, deêm uma volta pelo prédio para respirar e apreciar as magníficas vistas que as galerias de vidro oferecem. http://www.tate.org.uk/

- Ao atravessar a Ponte do Milênio em direção a margem norte, logo salta aos olhos um domo de 111 metros de altura. Ele pertence a belíssima Catedral de São Paulo, que, assim como boa parte de Londres, literalmente ressurgiu das cinzas depois do incêndio de 1666. A reforma se tornou a grande obra prima de Christopher Wren - cientista que virou arquiteto aos 31 anos - responsável por projetar mais de 52 novas igrejas na reconstrução da cidade. Esta, cenário de inúmeras cerimônias oficiais, sem dúvida é uma das mais lindas. Se tiverem disposição para entrar (ingresso 11 libras para adultos, crianças até 7 anos não pagam), subam até a galeria dos sussuros, que, graças a uma acústica incomum permite que palavras pronunciadas bem baixinho contra a parede sejam escutadas do lado oposto da igreja. Ótimo para brincar de telefone sem fio. A catedral fecha para visitas aos domingos. http://www.stpauls.co.uk/

- Dias ou momentos de chuva, como se sabe, tem grandes chances de acontecer durante sua estada. Então, esteja preparada. Comece pelo Museu de História Natural, disparado um dos melhores programas de Londres. Reserve um dia inteiro, se possível até mais, para conhecer esta espécie de parque de diversões onde as crianças aprendem de tudo um pouco. A começar pelo prédio, uma mistura de castelo com casa mal-assombrada, construído com uma técnica revolucionária para 1881, um elaboradíssimo trabalho em pedra para esconder a estrutura de ferro e aço. Concebido para ser uma espécie de "catedral da ciência", ali encontramos criativas exposições com temas como ecologia, evolução da Terra, origem das espécies e a própria trajetória humana. Tudo muito explicado, de forma simples, dinâmica e fácil. As atrações estão divididas por cores em quatro zonas. Seu filho certamente vai chegar perguntando pelas maiores vedetes do museu, os incríveis gigantes pré-históricos. E realmente a galeria dos dinossauros corresponde a qualquer expectativa. A réplica do T-Rex, um robô que move a cabeça e emite sons incríveis, é de cair o queixo até dos adultos. Mas ainda existem várias outras atrações igualmente imperdíveis, como a reconstituição de uma floresta tropical que inclui até som de insetos. A Galeria Terra conta toda a história do planeta e de seus fartos recursos naturais. O simulador de um terremoto mostra como o tremor acontece dentro de um supermercado no Japão e sacode, literalmente, a garotada. A seção interativa sobre o corpo humano ou a réplica da baleia azul, o maior ser vivo do planeta, prometem novas emoções para pais e filhos. Um dos setores preferidos do João é o "Creepy Crawlies", as criaturas arrepiantes, ou coisa parecida. Uma exposição didática e divertida sobre insetos, vermes, fungos, bactérias... Tudo que a primeira vista pode parecer meio nojento. Mas o museu aproveita a "bizarra" atração natural que toda a criança tem por estes seres para ensinar. E ver seu filho observando, por exemplo, uma colônia inteira de formigas em atividade ou descobrindo as formas de vida invisíveis que estão escondidas na lata de lixo de casa pode ser uma experiência e tanto. http://www.nhm.ac.uk/

- Ao lado do Museu de Historia Natural, fica o Museu da Ciência. Bastante interessante, principalmente para crianças maiores. Vale a visita se a estada na cidade for longa. No acervo, peças magnifícas narram os avanços científicos e tecnologicos através dos séculos. A exposição vai desde os motores a vapor até as aeronaves mais modernas. No subsolo, galerias interativas divertem e relaxam a criançada depois de tanta informação. O museu é bem grande, são sete andares. A dica então é escolher os dois ou três temas que mais agradem a família. Destaque, no terreo, para a nave espacial Apollo 10, que levou três astronautas a Lua e os trouxe de volta em maio de 1969. O primeiro andar mostra a elaboração de objetos inesperados. Já no terceiro andar encontramos itens como aviões e aeroplanos. Os quarto e quinto andares são dedicados as ciências médicas. A moderna Wellcome Wing, na entrada oeste do edifício, oferece quatro andares de tecnologia interativa, como a exploracao de um mundo virtual de som e imagem. Na saída, deem uma passada na loja, cheia de presentinhos incríveis. http://www.sciencemuseum.org.uk/

- Museu de Cera Mme Tussaud´s - Os preços assustam um pouco e tenho lá minhas dúvidas se o lugar deve realmente ser chamado de "museu". Mas esta atração é considerada a melhor do mundo no gênero e parada obrigatória, com diversão garantida para todas as idades. Algumas esculturas de cera são facilmente confundidas com o personagem original. Outras, nem tão perfeitas assim, distraem os visitantes em uma espécie de jogo de "adivinha quem é"? De qualquer forma, quem não ia adorar tirar fotos ao lado do Homem-Aranha, Indiana Jones ou do ogro mais famoso do cinema? E se já for adolescente, seu filho possivelmente vai achar graça em posar e "tirar onda" abraçando as maiores celebridades do momento. Espalhados em várias salas, políticos, figuras da realeza se misturam a ídolos Pop e a artistas do passado e do presente. As réplicas de Pelé e Ayrton Senna, mesmo não sendo das melhores, enchem de orgulho a garotada brasileira. A Camara do Horror é uma seção bastante famosa, porém de gosto meio duvidoso. Além de máscaras mortuárias originais da Revolução Francesa, há reconstituições assustadoras de assassinatos, execuções e torturas. Totalmente dispensável para crianças menores. Em compensação, a exposição final, The Spirit of London" convida todos para um encantador passeio pela história da cidade a bordo de um taxi londrino. Uma viagem no tempo, desde a Revolução Industrial, passando pelo incêndio e pela peste que quase destruíram Londres e fatos marcantes como as duas guerras e o efervescente período hippie. Um barato, com o detalhe de que as crianças podem repetir várias vezes o trajeto. Só cuidado com a mega cilada bem na saída da atração: aquelas máquininhas estilo "garra" com supostos prêmios que quase nunca conseguimos pescar, mas que levam boa parte das nossas moedas. www.madametussauds.com.

- A alguns passos do Museu de Cera, não por acaso na rua Baker Street, uma simpática casa vitoriana logo chama a atenção. Se as crianças nunca ouviram falar em Sherlock Holmes, esta pode ser uma ótima oportunidade de apresentar a elas o mundo de um dos maiores detetives da literatura. De acordo com as histórias de Sir Arthur Conan Doyle, Holmes( e seu inseparável companheiro Dr. Watson) viveram no número 221b da Baker Street durante mais de vinte anos. A casa foi reconstituída conforme a descrição exata dos livros e filmes, inclusive com móveis e objetos que perteceram famoso personagem na ficção. Vale ao menos uma foto do filhote em frente a fachada principal. http://www.sherlock-holmes.co.uk/

- Crianças são curiosas e adoram explorar novos horizontes. Com seu filho não há de ser diferente. Então que tal convidar o pequeno aventureiro a desbravar civilizações que remontam a milhares de anos dentro do British Museum? Só que o museu público mais antigo do mundo, criado em 1753 para abrigar o acervo do médico Hans Sloane, exibe hoje itens de todas as partes globo terrestre e é imenso. Por isso, exige um certo "foco no objetivo" para não estafar os pequenos. Sugerimos, claro, a sempre impressionante galeria egípcia, logo no piso principal. A famosa e vastíssima coleção de múmias(inclui até animais que eram enterrados junto com pessoas no Egito Antigo) com sarcófagos, máscaras mortuárias e outros objetos costuma fazer sucesso com as crianças. Vale mostrar também, ainda que seu filho não entenda o porquê de tanto barulho em torno de um pedaço de granito, um dos blocos mais importantes da história: a Pedra de Roseta que permitiu a decifração dos hieróglifos no século 19. Não deixe de passar pelos acervos romano e grego, com as incríveis esculturas do Partenon, trazidas para Londres pelo Lorde Elgin, por volta de 1802, que ocupam uma galeria especial. Ao sair, se as crianças estiverem um pouco cansadas de tanta informação, sugerimos pausa para comprinhas, ou simplesmente para olhar, duas lojinhas bacanas. A primeira, mais próxima ao museu, lotada de miniaturas e produtos para colecionadores. A outra, a alguns minutos de caminhada, se chama Forbidden Planet. Ao entrar, vocês vão descobrir que apenas "olhar" não chega a ser proibido, mas, sim, quase impossível.
www.forbiddenplanet.com; http://www.thebritishmuseum.ac.uk/

- Para finalizar, dois pontos turísticos obrigatórios, ainda mais para pais viajando com suas crias. A Tower Bridge, obra da engenharia vitoriana projetada em 1894, um símbolo da cidade, com suas passarelas que oferecem belas vistas do rio aos visitantes merecem alguns minutinhos de atenção... E, em seguida, a Torre de Londres, fortaleza construída por Guilherme, o Conquistador, para proteger a entrada da cidade, logo depois que ele se tornou rei, em 1066. Imaginem que em 1097, quando a "Torre Branca" ficou pronta, era a construção mais alta de Londres, com 27 metros de altura. Ao longo dos séculos, vários outros belos edíficios foram acrescentados ao complexo. Histórias para manter o interesse das crianças não faltam por ali. Pois a torre já serviu de residência real, arsenal, tesouro e, o que costuma gerar excitação na garotada, abrigava a prisão para os inimigos da Coroa. Abusem do talento meio "Forest Gump" que existe em cada um e divirtam-se juntos com os milhares de casos e mistérios que cercam o lugar. Em 1453, por exemplo, os filhos e herdeiros de Eduardo IV, desapareceram após serem presos na "Torre Sangrenta". Já na "Torre Verde" eram executados os prisioneiros especiais. Ali, distante da multidão, morreram duas das seis esposas de Henrique VIII: a mais conhecida delas, a controvertida Ana Bolena, uma das responsáveis por mudanças religiosas importantíssimas na Grã-Bretanha, com consequencias em todo o mundo. Ana jamais conseguiu dar ao rei o filho homem desesperadamente desejado. Ansioso para se casar novamente, Henrique VII a acusou de adultério e traição. Ninguém sabe se foi verdade, mas mesmo assim, Ana acabou presa e decapitada na torre. Hoje, porém, os habitantes mais famosos são os sete corvos. Reza a lenda que o reino cairá no dia em que os animais não estiverem mais por ali. Será? Por via das dúvidas, eles vem sendo substituídos por outros ao longo dos anos. Os "Beefeaters", membros da guarda real que protegem e vivem na torre usando uniforme em estilo Tudor, também devem atrair olhares curiosos dos pequenos. Talvez a mais famosa atração do lugar seja a a coleção de jóias da coroa, peças que fazem os olhos brilhar e a imaginação voar longe. O cetro com a Cruz, de 1660, contém um dos maiores diamantes do mundo e a coroa feita para a Rainha Vitória em 1837, usada em todas as coroações posteriores, são incríveis mesmo. http://www.tower-of-london.org.uk/

2 comentários:

  1. As fotos não têm legenda... Queria muito saber onde é essa do seu filho numa especie de chafariz no chão (?), com bermuda, pé na água... Já morei em Londres e levei minha filha, de um ano, lá no ano passado. Quero voltar quando ela tiver maiorinha....

    Abraços

    Carolina Soares

    ResponderExcluir
  2. Oi Carolina, tudo bem? Esta foto do chafariz fica em frente ao Community Center de Swiss Cottage, bairro onde minha mãe morava. Bjos e volte sempre!

    ResponderExcluir