terça-feira, 26 de outubro de 2010

Aloha!

Sabe aquelas cenas do seriado de tv Ilha da Fantasia? Aquela musiquinha, com as havaianas dançando hula-hula em um ambiente meio faz-de-conta? Ou mesmo o paraíso que imaginamos em sonhos? O Havaí é exatamente daquele jeito. Lugar de gente feliz. 

Demorei nove anos para visitar meu irmão que um belo dia decidiu se mudar para aquele ponto perdido no meio do Pacífico. Não entendia porque ele tinha escolhido morar justamente em Maui, uma das cinco ilhas habitáveis do arquipélago que formam o Havaí. Assim que cheguei, tudo ficou claro e transparente como o mar que banha as inúmeras praias paradisíacas dali. Existe realmente algo de mágico naquele canto isolado do planeta cercado de paz por todos os lados.

Decidimos encarar a distância de quatro mil quilometros do continente mais próximo e o fuso que varia entre seis e oito horas de diferença em relação ao Brasil, quando o João quase três anos e de idade. A idéia era passar duas semanas conhecendo todos os cantos de Maui, talvez a mais diversificada e turística das ilhas. Deixaríamos a cosmopolita Oahu, e as outras três - Big Island, Kauai(que dizem ter a Napali Cost de tirar o fôlego) e Molokai para uma próxima oportunidade.

O caminho escolhido foi pela California, com escala e troca de avião em Atlanta. Como achamos que poderia ficar puxado, principalmente para o João, optamos por um pit stop de três em dias em San Diego, para descansar e ajudar na adaptação. 


Maui é a segunda maior ilha do Havaí, uma das mais turísticas e diversificadas. Além de uma beleza estonteante, reúne uma ótima infra estrutura para agradar a todo tipo de público. 


O aeroporto fica em Kahului, a principal cidade e onde ficam os shoppings mais populares, assim como o maior porto da ilha. Assim que o avião aterrissa, o visitante recebe um colar de flores havaianas, no melhor estilo Ilha da Fantasia. E a diversão começa. Vamos as dicas:


- Com uma área de quase dois mil quilometros quadrados, fica praticamente impossível conhecer e aproveitar o que Maui tem a oferecer(que não é pouco) sem um um meio de transporte a disposição da família por tempo integral.Por isso, separem uma verba para alugar carro.


- Existem vários points diferentes para o turista escolher onde se hospedar.


- Ao sul da ilha, fica Kihei e um número expressivo de resorts e hotéis. Na área mais popular, muitos condomínios ótimos para receber famílias com crianças. As praias de Kamaole são bem movimentadas e, ao contrário das outras(umas selvagens e distantes), oferecem muitas facilidades para os pequenos. Mercados, bares e lojas por perto.

- Na região de Wailea ficam alguns dos hotéis mais luxuosos do planeta. O Grand Wailea por exemplo tem as incríveis piscinas(tantas que confesso ter perdido a conta mais ou menos na altura da nona). Visitar estes hoteis é um programão, aliás. Cada um mais suntuoso que o outro. Também nesta área ficam as casas dos multi-milionários e de algumas celebridades, como Clint Eastwood, por exemplo. O "Shops at Wailea" é pequeno mas com ótimas lojas e o restaurante da cadeia de roupas Tommy Bahama - delicioso - apesar de meio chiquezinho para as crianças. 



- Mas a grande graça da história toda são as praias, é claro. As de Wailea estão sem dúvida entre as mais bonitas do mundo. Públicas, como em todo o estado.

- A praia dos hotéis é excelente e perfeita para snorkel. Estilo cenário de filme: águas calminhas, lotadas de peixinhos coloridos. Lembro como se fosse hoje do primeiro mergulho do João, com uma pranchinha de body board, pé de pato, máscara, repetindo sem parar "sufe, sufe, sufe", com o tio empurrando a pranchinha no mar lisinho (logo ele, acostumado a encarar as ondas gigantes de Jaws!). Do alto de seus quase três anos de idade, João estava "se achando" o surfista do desenho Lilo e Stich, assistido intensamente nos dias que antecederam a viagem pra entrar no clima...


- Perto de Wailea fica aquela que, na opinião dos entendidos, é a praia mais bonita de Maui:a Big Beach, em Makena. Passeio obrigatório, um lugar espetacular mesmo, de cair o queixo. Mas ali é preciso cuidado. O mar é perigoso, puxa bastante e, ao menos na época,era impossível deixar João entrar sozinho. 

- Bem ao lado, no canto direito da praia, encontramos a trilha para a Little Beach, onde só se chega a pé. Dizem que vale cada centímetro de caminhada e o mar inclusive é mais calmo que o da vizinha, mas no entanto exige atenção por outros motivos... Ali é o point dos naturistas da ilha e por isso não muito indicado para menores. Pode ser meio esquisito.


- Mas eles vão gostar de outro programa, perto de Big Beach, ainda mais ao sul. A baía de La Perouse tem com um visual super interessante, principalmente para os pequenos curiosos: o solo de formação recente(menos de 200 anos) todo coberto pelo que restou da lava da última erupção do vulcão Haleakala, em 1790. 

- O vulcão, aliás, mereceria um capítulo a parte, por ser um dos passeios mais incríveis da viagem. A três mil metros do nível do mar, a subida de carro até o topo dura cerca de uma hora. Mas a dica é reservar o dia inteiro para este programa, pois vocês podem querer parar no caminho para conhecer a área rural de Kula, cheia de fazendas com plantações. Ali podem ser alugados quadriciclos e cavalos para levá-los ao topo do vulcão ou simplesmente para explorar a região. 


- Além de ter um dos visuais mais impressionantes da ilha, o Haleakala é ainda o maior vulcão adormecido do planeta. O nome significa "a casa do sol" e sua história cheia de mistérios e significados cósmicos vai com certeza despertar o interesse da garotada. Porém o mais marcante provavelmente vai ser a sensação de caminhar dentro da gigantesca cratera com uma vista sensacional(que alcança desde o Parque Nacional até Big Island, em dias mais claros). As sucessivas erupções do passado resultaram em uma paisagem lunar(não a toa a Nasa costuma treinar os astronautas ali). As crianças deliram com o aspecto e a impressão de estarem andando na Lua, em um clima meio "ficção científica". 

- Assitir ao por do sol dali do alto aliás foi, para o escritor Mark Twain, o "espetáculo mais sublime" da sua vida. É. Pode ser. 

- Mas atenção total: não se esqueça de levar casacos grossos para todos. O Haleakala é capaz de gerar clima próprio, totalmente diferente do resto da ilha. Lá em cima muitas vezes fica muito gelado. Frio e vento podem, sim, cortar completamente o barato do momento.

- Lahaina é a maior cidade da ilha e a Front Street uma espécie de "Rua das Pedras" havaiana. Um simpático centrinho, cheio de lojas, bares, restaurantes onde turistas caminham de um lado para o outro sem compromisso. Ótimo para um sorvete no fim de tarde. Não deixe de mostrar as crianças a famosa Banyan Tree. Uma das maiores árvores do mundo, com quase vinte metros de altura, ela se espalha para ocupar quase um quarteirão inteiro.

- Há ainda um passeio de trem pelos pontos históricos de Lahaina que dizem agradar os menores, mas não chegamos a fazer. Além disso,  também acontece na região o Old Lahaina Luau, famoso em todo o Havaí. A maioria dos hotéis faz reserva não só para este, mas para outros jantares com show de dança e música típicas que fazem sucesso garantido com a garotada. O programa aliás é obrigatório para turistas em visita a qualquer ilha do arquipélago. Tradicionalíssima festa havaiana, o Luau mistura danças com tochas de fogo sempre em ritmo de hula-hula(maioria das canções é belíssima), com comidas gostosas e muita diversão para toda a família!

- Se vocês decidirem visitar Maui entre os meses de dezembro e maio (infelizmente não foi o nosso caso), pensem na opção de agendar uma expedição para olhar as baleias. Normalmente elas podem ser avistadas das areias da praia nesta época do ano, mas as melhores fotos, claro, são tiradas a bordo de um barco a poucos metros de distância destas gigantes graciosas. 

- Já o passeio até Molokini, a ilha em formato de lua minguante que na verdade é uma cratera de vulcão submersa, nós fizemos e recomendamos muito! Os hotéis de Makena ficam mais próximos do destino que o porto de Lahaina, talvez sejam melhor opção para as crianças não enjoarem de ficar muito tempo no mar. Por ser uma área de reserva ambiental, o passeio só pode ser feito com empresas registradas e autorizadas. Vale perguntar se eles oferecem(quase sempre a resposta é sim) equipamentos como snorkel e pranchas com fundo transparente para vocês observarem uma variedade incrível de cores e formatos de vidas marinhas. Os golfinhos são figurinhas fáceis durante o percurso. Na volta o barco ainda para em um point lotado de tartarugas gigantes para fechar o dia com chave de ouro!

- Pra encerrar, se o tempo e o orçamento permitirem, gostaria de recomendar ainda uma viagem até Hana, uma cidadezinha encantadora que parece ter parado no tempo. Não é perto das praias principais da ilha e o caminho pode levar de três horas a muito mais, dependendo do número de paradas para fotos que vocês inevitavelmente vão acabar fazendo. Confesso nunca ter pensado em ver tantos tons e cores no mar ou em florestas. Verdadeiros quadros. Tudo bem que as crianças podem não curtir ficar admirando a paisagem por muito tempo. Mas você não deve ir embora de Maui sem conhecer este pequeno trecho de visual paradisíaco. Vá mostrando os milhares de caprichos que a natureza generosamente oferece a cada curva da estrada. Se der, parem em Keanae para um lanche rápido e boas fotos. Chegando a Hana, aproveitem com o filhote as praias mais selvagens e isoladas da ilha.

- A estrada que continua até dar em Kula não é das melhores, mas vale seguir adiante em vez de voltar para se deparar com novas belezas pelo caminho. 

- Trinta minutos depois de Hana fica ainda outra atração bastante popular de Maui: as Piscinas de Oheo, ou "Seven Pools". Um lugar meio "Jardim do Eden" de tão bonito e pacífico. Dica: evite ir nos finais de semana, pois costuma ficar muito cheio. São dezenas de piscinas naturais formadas por pedras de lava vulcânica e intercaladas por cachoeiras com água limpíssima e transparente. A última delas desemboca no mar. Uma farra para a gurizada. Inesquecível para nossos olhos. Assim como cada canto da mágica Maui.

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