terça-feira, 26 de outubro de 2010

Roteiro Alternativo

Existem viagens perfeitas para toda a família. Outras, sob medida para casais. Algumas, bacanas para se fazer com as amigas. É importante ter sempre isso em mente na hora de optar por algum destino. Mas isso não significa que alguns lugares não possam nos surpreender ou até ser adaptados de acordo com nossas necessidades.

Para muita gente,  rotas mais alternativas  tendem a ser meio "cilada" para o público infantil. Quase sempre distantes, diferentes em muitos aspectos, às vezes com uma infra não tão adequada para turistas mirins. Será mesmo?

Em outubro de 2009, Décio e eu decidimos deixar qualquer preconceito de lado para realizar um desejo antigo da família: ver de perto, junto com o João, as pirâmides do Egito. Na verdade, de certa forma, acabou sendo nós quatro. E foi assim que de repente me vi, grávida de dois meses do José Francisco, prestes a embarcar em um navio rumo a Grécia, Turquia, Chipre, Israel e Egito. Também na bagagem, toda energia e curiosidade de um menino que tinha acabado de completar 6 anos de idade.

Cada canto do mundo tem charme e atrações únicas. Desde o início sabíamos que aquela viagem seria provavelmente um pouco mais complicada que outras. O grande desafio era conseguir ver/fazer tantas coisas novas e diferentes, conciliando com o mínimo de rotina que uma criança desta idade necessita. Por isso optamos por cumprir nosso itinerário a bordo de um cruzeiro. Desta forma, descobrimos parte de um mundo mágico e misterioso sem que mudanças mais bruscas pudessem alterar o humor do nosso pequeno viajante. Com o conforto da cabine e os cardápios menos ousados da cozinha internacional do navio, confesso que senti uma certa tranqüilidade.

Se por um lado conseguimos evitar possíveis surpresas desagradáveis, por outro, claro, deixamos de viver intensamente todas aquelas descobertas. Talvez um dia valha a pena voltar e permanecer mais tempo em alguns locais. Mas não podemos ter tudo e, por ora, aquela parecia ser nossa melhor opção. O próprio navio oferece um bom esquema de passeios. Por mais que possa parecer (e é mesmo) um pouco chato acordar cedíssimo, andar sempre em grupo e ter tempo cronometrado a cada visita, o roteiro organizado, com guias, acaba proporcionando enorme segurança. E isso, principalmente com crianças, não tem preço.

Em resumo, alguns dos melhores momentos da nossa aventura que fizeram todo o esforço valer a pena: brincar na imensa areia no pôr do sol da praia e a escadaria de dezenove terraços dos magníficos jardins do Bahai, na belíssima cidade de Haifa, Israel,  passeio de charrete pela orla e a maravilhosa seção infantil da biblioteca de Alexandria, onde viveram Cleópatra e Marco Antonio... A reação do João ao entrar nas mais incríveis mesquitas, se ajoelhando para realizar o salá(oração pública) na direção de Meca... O delicioso mergulho no mar gelado e transparente de Rhodes, na Grécia. A última casa onde acredita-se que viveu a Virgem Maria em Kusadasi, Turquia. João fazendo poses trágicas em frente ao teatro grego em Atenas... A foto com o camelo que tentou morder meu cabelo e os vendedores ambulantes egípcios repetindo "one dollar" incansavelmente, esperando as gorjetas dos turistas e arrancando risadas do nosso garotinho. A Via Crucis, em Jerusalém, com o Décio empurrando o carrinho. Teve ainda o bilhete que João deixou no muro das lamentações: "que meu irmãozinho venha com muita saúde e seja feliz, como eu sou."

E elas, é claro. As três grandes vedetes da nossa viagem, as únicas remanescentes das Sete Maravilhas do mundo antigo: Queops, Quefren e Miquerinos, a atração turística mais impressionante que tive o prazer de ver em toda a vida. As pirâmides de Gizé. Sem dúvida as areias do deserto vão permanecer por muito tempo, senão para sempre na memória do meu filho.

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